A fazenda onde nasci. Vovô Elviro e vovó Olíbia
Da minha infância
Recordo com gratidão
Fui muito abençoada
Em tudo que vivi
O que aprendi
É preciosa riqueza
Para a vida presente
Que sempre me reserva
Um futuro diferente
De cada rica memória
Presente no consciente
Grandeza da minh'alma
Guardavam arroz, feijão, café
Tão grandes e altas como caixa d'água
Esconderijo secreto
Do menino esperto
Que de boa lambada
Sempre se salvava
Ah! Momento de expectativa no amanhecer
Da tabeira larga
Na cerca do curral
Alcançávamos as grimpas
Pegávamos com as mãos os melhores frutos
Azedos, doces ou suculentos
Mais importante era a emoção
Alçando o mais alto e o mais longínquo horizonte
Feito o futuro da gente
Ali havia muita doçura
Melado, rapadura, açúcar
Abelhas zumbiam nas cabaças produzindo mel
Gravetos trepidavam na fornalha ardente
Transformando a doce garapa colhida na moagem
Os braços da balança eram
roda gigante
De um lado, passava um forte alazão
Puxando o braço da manivela
Do outro, crianças rodopiavam girando intermitente
Feito o tempo desenhando
No solo fértil o destino
inusitado
Na cantiga manhosa da engenhoca
E nos sorrisos estridentes
Das crianças sonhadoras
Vidas transparentes
No engenho trabalhavam
minhas memórias
Mariaga